quinta-feira, julho 01, 2010

Ao contrário de Cabo Verde, a CPLP ainda
não sabe o que dizer sobre a Guiné-Bissau

A decisão “soberana” do governo da Guiné-Bissau de nomear António Indjai como CEMGFA “trará consequências”, como “o aumento do risco de cansaço” da comunidade internacional, disse hoje à Agência Lusa o chefe da diplomacia cabo-verdiana.

Perante o silêncio da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, que deve andar muito atarefada em abir as portas da organização à Guiné-Equatorial, José Brito resolveu mostrar (mais uma vez) que Cabo Verde pensa pela sua própria cabeça.

Sem esquecer que, por exemplo, os EUA já disseram de forma clara que estão fartos de brincar à segurança e à democracia, José Brito disse que Cabo Verde vai “trabalhar pela paz na Guiné-Bissau”, o que não o impede de dizer que é sério o risco de cansaço da comunidade internacional.

E como bem disse, “importa que os políticos guineenses entendam que há limites que não devem ser ultrapassados”.

“Cabo Verde age de maneira autónoma da comunidade internacional e segue os esforços de paz e estabilidade. O papel de Cabo Verde vai ser o de facilitar o diálogo”, reforçou José Brito.

Recorde-se que os Estados Unidos da América lamentaram a nomeação do tenente-general António Indjai para chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau e, em coerência com posições anteriores oficialmente comunicadas antes da escolha, anunciaram que não vão apoiar o processo de reforma do sector de segurança do país.


“A embaixada dos EUA lamenta que a liderança civil da Guiné-Bissau tenha escolhido promover António Indjai, o principal responsável pelos eventos de 1 de Abril, para liderar as forças armadas do país”, refere em comunicado divulgado pela representação diplomática dos EUA em Bissau.

“Por sua própria admissão, no dia 1 de Abril, o major-general António Indjai ordenou o sequestro e detenção do primeiro-ministro democraticamente eleito e do chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, o qual foi legalmente nomeado”, salienta o documento dos EUA.

“Além disso, Indjai ameaçou a vida do primeiro-ministro, bem como a dos corajosos cidadãos guineenses que se manifestaram contra a ilegal detenção”, continua o documento.

No documento, Washington considera também que os “actos de insubordinação, indisciplina e de motim tornam António Indjai incapaz de dirigir as forças armadas do país”.

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