terça-feira, fevereiro 22, 2011

Do Muangai a Tripoli passando por Luanda

A 13 de Março de 1966, um grupo de nacionalistas liderado por Jonas Malheiro Savimbi, começou a escrever uma importante parte da história de Angola.

Foi no Muangai, Província do Moxico. Daí saíram pilares como a luta pela liberdade e independência total da Pátria; Democracia assegurada pelo voto do povo através dos partidos; Soberania expressa e impregnada na vontade do povo de ter amigos e aliados primando sempre os interesses dos angolanos.

Resultaram também a defesa da igualdade de todos os angolanos na Pátria do seu nascimento; a busca de soluções económicas, priorização do campo para beneficiar a cidade; a liberdade, a democracia, a justiça social, a solidariedade e a ética na condução da política.

Em Angola, e até mesmo na UNITA, poucos saberão quem disse: ”Eu assumo esta responsabilidade e quando chegar a hora da morte, não sou eu que vou dizer não sabia, estou preparado"?

Alguém se lembra de que, como estão as coisas, nunca será resgatado o compromisso de Muangai firmado em 13 de Março de 1966?

A UNITA mostrou até agora que sabe o que é a democracia e adoptou-a definitivamente. Tê-lo-á feito de forma consciente? Tenho algumas dúvidas, sobretudo depois das manipulações e vigarices eleitorais de que foi vítima, que já não esteja arrependida.

A UNITA, mesmo depois da morte de Jonas Savimbi, faz hoje nove anos, mostrou ao mundo que as democracias ocidentais estão a sustentar um regime corrupto e um partido que quer perpetuar-se no poder.

E se isto é verdade para Angola, não menos verdade é, como se vê, para a Tunísia, Egipto, Líbia, Zimbabué, Guiné-Equatorial entre muitos, muitos, outros.

Depois da hecatombe eleitoral, provocada também pela ingenuidade da UNITA acreditar que Angola caminharia para a democracia, o Galo Negro corre o sério risco de não mais passar de uma recordação.

Embora de vez em quando apareçam alguns bons exemplos, a verdade é que a UNITA não consegue parar de olhar para além do umbigo, do próprio umbigo. Mais do que assimilar a mensagem... assassina o mensageiro.

O mundo ocidental esteve, mais uma vez, de olhos fechados para o enorme exemplo que a UNITA deu. Em 2003, abriu bem os olhos porque esperava o fim do partido. Isso não aconteceu.

Agora estamos a ver que ao Ocidente basta uma UNITA com 10% dos votos para dar um ar democrático à ditadura do MPLA. Aliás, por alguma razão o Ocidente não reagiu às vigarices, às fraudes protagonizadas pelo MPLA. E não reagiu porque não lhe interessa que a democracia funcione em Angola. É sempre mais fácil negociar com as ditaduras.

Se calhar, em função do que se está a passar no norte de África, as perspectivas estão a mudar. Quem sabe se, um dia destes, tambám não vamos ver as ruas de Luanda cheias de gente de barriga vazia a exigir que o dono do país parta de vez.

Hoje, ainda com José Eduardo dos Santos (presidente não eleito e há 31 anos no poder) importa lembrar algumas coisas.

Jonas Malheiro Savimbi dirigiu a Resistência contra o expansionismo russo-cubano e o monopartidarismo. Mas foi uma dura batalha.

Aos 16 de Outubro de 1992, Jonas Savimbi, em nome da UNITA aceitou os resultados das eleições para evitar o impasse e o regresso a guerra. Mas como as maquinações no sentido de voltar a impor o cenário de 1975/76 tinham amadurecido, o MPLA pôs em marcha a sua estratégia de genocídio politico-tribal, massacrando dirigentes e quadros, assaltando e espoliando todo o património da UNITA.

Jonas Malheiro Savimbi tinha uma visão clara e convicta da dinâmica da sociedade e da necessidade de se ajustar a prática política a evolução inevitável da história.

Foi ele o único dirigente nacionalista angolano que circunscreveu nos ideais do seu Movimento, aquando da sua fundação em 1966, a democracia assegurada pelo voto do Povo através de vários partidos políticos. Impregnado deste valor, Jonas Savimbi, lutou com ele contra o colonialismo e o exclusivismo do sistema monopartidário.

1 comentário:

Anónimo disse...

Todo que está neste conteudo é verdade