quarta-feira, fevereiro 23, 2011

O Governo português admira tiranos?
- Claro que sim. Mas são tiranos bons!

Como vem sendo hábito no regime socialista português, quando é confrontado com factos, o Governo e o PS usam o argumento típico dos fracos: Não fala da mensagem mas dos defeitos do mensageiro. Hoje voltou a acontecer.

O Bloco de Esquerda acusou o Governo de admirar "tiranos" e de se remeter a "silêncios" em matéria de política externa, tendo o PS recusado lições de um partido "inspirado" em regimes que provocaram o sofrimento de muitas pessoas.

Creio que o BE exagerou um pouco. Dizer que Muammar Kadhafi, Hugo Chávez, Ben Ali ou José Eduardo dos Santos são uns tiranos é pecar por... defeito. E que são, ou foram enquanto estiveram no poder, admirados por José Sócrates e companhia, é uma verdade.

Numa declaração política no plenário da Assembleia da República, o deputado bloquista José Manuel Pureza começou por condenar as "exibições de barbárie" verificadas na Líbia e acusou a Europa de "desertar da luta pelos direitos humanos", referindo-se depois especificamente ao Governo português.

Não teria sido mau, já agora, que o BE também optasse por agir em vez de reagir, trazendo à colação o que previsivelmente irá acontecer a outros amigos de José Sócrates, como é o caso de José Eduardo dos Santos, o dono de Angola.

"Mas que os nossos governantes declarem a sua admiração pelos tiranos, que façam de figurantes nas suas operações de relações públicas, que enviem Forças Armadas para abrilhantarem o cerimonial do regime, que contribuam para ocultar a realidade da pobreza que é imposta a estas populações, isso é totalmente insuportável", afirmou o deputado, lembrando que José Sócrates qualificou o líder da Líbia, Kadafi, como um "líder carismático".

Lá me parece que mais uma vez o primeiro-ministro vai dizer: não basta ser deputado do BE para ser bem educado...

O deputado bloquista chegou mesmo, num acto de clara hostilidade ao sumo pontífice deste PS, a citar a eurodeputada socialista Ana Gomes: "Como disse muito acertadamente a eurodeputada Ana Gomes, 'se há perigo fundamentalista ou terrorista, ele resulta do apoio a Kadafi e à sua ditadura sanguinária'".

Na resposta, o líder parlamentar do PS acusou o BE de aproveitar a Líbia para "mais uma vez" atacar a Europa, o Governo, o PS e o primeiro-ministro "de uma forma totalmente inaceitável".

Sim. Convenhamos. Em Portugal vale tudo menos, é claro, criticar o dono do governo que, ao que parece, também gostava de ser dono do país.

"Há uma coisa que nós não aceitamos, que é receber qualquer valorização dos direitos humanos, de respeito pelos princípios fundamentais da liberdade e da democracia vindos da bancada do Bloco de Esquerda. Por uma razão muito simples: Por respeito pelo nosso passado e por respeito pelo passado de muitos que sofreram por esse planeta fora o resultado de muitas políticas que também inspiraram o Bloco de Esquerda", afirmou Francisco Assis.

E o PS, nesta matéria, fala de cátedra. Como a memória é curta, ou nem existe, Francisco Assis esquece-se de olhar para os seus pares do PS que também militaram em partidos que inspiraram o BE e similares.

O líder da bancada socialista acusou Pureza de fazer uma "verdadeira declamação", "vazia e sem sentido", sem enunciar "um único princípio válido de politica externa aplicável" àquele país ou a qualquer outro."

"O que é que resultaria se dessa declamação resultassem consequências de ordem prática. Com quem manteríamos nós relações diplomáticas. Que tipo de relações diplomáticas manteríamos com a maior parte dos países do mundo, nomeadamente onde subsistem regimes que inspiraram muito tempo os partidos que estiveram na base da constituição do próprio Bloco de Esquerda", reiterou, acusando o deputado bloquista de ir "além da irreal politik".

E já agora, o que se deve fazer com partidos irmãos do PS na Internacional Socialista, caso do MPLA? Ajudá-los, segundo a tese de Francisco Assis, a continuar no poder e a pôr a razão da força acima da força da razão. Isto, é claro, a bem da diplomacia e dos negócios do reino lusitano a norte, embora cada vez mais a sul, da Tunísia.

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