segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Os líderes prometeram era histórica
mas o povo não foi nessas cantigas!

A segunda Cimeira UE/África aprovou em Lisboa (Dezembro de 2007) uma "estratégia conjunta" que deveria permitir a 27 países europeus e a 53 nações africanas uma era sem precedentes nas suas relações políticas, económicas e comerciais.

Naquela que foi então a maior reunião política de alto-nível jamais realizada em Portugal e na Europa, a Cimeira, que reuniu 80 chefes de Estado e/ou de Governo europeus e africanos adoptou uma Parceria Estratégica que regularia, a longo prazo, as relações entre os dois continentes.

Os líderes da UE e de África aprovaram ainda o primeiro Plano de Acção, com projectos a executar, no curto prazo (2008-2010), entre os dois continentes, o qual previa mecanismos de controlo de aplicação e de acompanhamento.

Na designada Declaração de Lisboa, os líderes dos dois blocos afirmam que a "estratégia conjunta" deveria assentar nos princípios "da unidade de África, da interdependência de África e da Europa, da responsabilidade conjunta, do respeito pelos direitos do homem, dos princípios democráticos e do Estado de direito, bem como do direito ao desenvolvimento".

A nova estratégia euro-africana de Lisboa identificou oito parcerias prioritárias a desenvolver até à Cimeira seguinye: "Paz e Segurança", "Governação Democrática e Direitos do Homem", "Comércio e Integração Regional", "Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento", "Energia", "Alterações Climáticas", "Migração, Mobilidade e Emprego" e "Ciência, Sociedade de Informação e Espaço".

Além da ambição conjunta de estabelecer uma nova parceria, "de igual para igual", entre os países da Europa e as suas antigas colónias de África, a Cimeira de Lisboa ficou também marcada por divergências entre os dois continentes, nomeadamente em torno das negociações em curso de novos acordos comerciais entre os dois blocos e da presença na reunião do presidente do Zimbabué, Robert Mugabe.

A realização da segunda Cimeira euro-africana foi uma das três grandes prioridades da então presidência portuguesa da UE.

Desde a última cimeira UE/África, em 2007, a União Europeia já investiu mil milhões de euros em segurança no continente africano, segundo afirmou José Briosa e Gala, consultor de Durão Barroso para os assuntos africanos

"Desde a cimeira de Lisboa até agora (Novembro de 2010), a UE despendeu 1 bilião de euros no continente africano na área da segurança. Isto envolve apoio às operações de paz, treino, criação de condições e luta contra o terrorismo", disse, em entrevista à agência Lusa, o ex-secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros dos Governos de Cavaco Silva.

Segundo Briosa e Gala "há hoje uma bem desenhada configuração de segurança ao nível da União Africana, (...) que tem vários dispositivos, mecanismos e componentes" e da qual "a UE é o parceiro mais firme e mais presente".

A segurança continuará a ser, segundo o responsável, "uma área fundamental da cooperação, a nível político (entre os dois blocos)". E sublinhava que "nenhuma área geopolítica do globo tem desempenhado um papel tão útil nesta relação com África como a Europa".

Recordando o início dos anos de 1990 e as "crises gravíssimas" do Ruanda e do Burundi, Briosa e Gala referiu que hoje também há crises, "mas a conflitualidade diminuiu 50%, segundo dados estatísticos". "Efectivamente há situações ainda graves e preocupantes, (...) a Somália, o Sudão e outras, mas no global a situação melhorou", realça.

Relativamente à crescente influência do Islamismo em África, considerava que "é um tema sensível e convém não haver confusões. Temos perfeitamente conhecimento de que há forças religiosas, que se reclamam do islão, que têm um papel extremamente positivo em África de criação de infra-estruturas, de escolas de estabelecimentos sanitários. Não podemos pôr tudo no mesmo saco".

No entanto, e "é evidente que estamos conscientes de que existe um perigo, que há forças infiltradas, trabalharemos nesses dossiers em sede própria, e vamo-nos reunir ali (em Tripoli) concentrados para criar riqueza e desenvolver as sociedades", rematou.

Pois é. Nada como projectar o melhor, esperar o pior e aceitar de ânimo igual o que os donos do mundo quiserem....

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