sexta-feira, março 04, 2011

Pneu rebentado num carro de Angola leva à captura no estrangeiro do chefe da FLEC/FAC

Por diversas vezes aqui foi dito que o Governo do MPLA tinha obtido a anuência dos países da região, nomeadamente da República do Congo, para esquecer as fronteiras e levar a operação de limpeza até onde fosse necessário, situação que faria desaparecer do mapa tanto cidadãos cabindas como congoleses.

Exactamente com esse enquadramento, militares de Angola não só prenderam como raptaram o Chefe de Estado Maior da FLEC/FAC, Gabriel Nhemba «Pirilampo», em Ponta Negra, capital económica da Republica do Congo.

Que os militares coloniais de Angola andavam, entre outros, à caça de «Pirilampo» já se sabia. Também já se sabia que o iriam fazer onde fosse preciso. Foi no Congo como poderia ser em qualquer outro país, não faltando nesta altura quem esteja disposto a ajudar o regime angolano a consumar, pela força, a tese de que Angola vai de Cabinda ao Cunene.

A detenção de «Pirilampo» surge, curiosamente, depois de ele ter reivindicado uma operação militar na estrada que liga Buco Zau a Dinje, onde foram mortos um coronel e um tenente coronel das Forças Armadas de Angola, bem como dois outros militares.


E é curioso porque, segundo a versão oficial da potência colonial, esses militares morreram num mero acidente de viação.

A explicação de Luanda faz, aliás, lembrar a primeira versão oficial dada a propósito do ataque contra a escolta militar e policial à selecção de futebol do Togo, quando esta participava no Campeonato Africano das Nações, CAN 2010.

Nessa altura, o regime colonial angolano avançou que se tinha tradado de um acidente viário “devido ao rebentamento de um pneu”.

Desmascarada essa tese, Luanda passou a chamar-lhe, com a cobertura internacional, terrorismo. Nesta matéria, o regime angolano usa a mesma técnica que a anterior potência colonial de Angola usava para qualificar as acções armadas do MPLA contra Portugal durante o período colonial. A ditadura de Salazar chamava-lhes o mesmo que o MPLA agora chama à acção da FLEC: terrorismo.

Embora sem a expressão de outros tempos, a guerrilha em Cabinda vai fazendo o que pode, procurando que as forças ocupantes (Angola), bem como a comunidade internacional, percebam que é preciso arranjar uma solução política. Mas como o diálogo só é válido entre quem está no poder, independentemente das razões, a solução terá de passar pelos ataques, pelos feridos, pelos mortos.

Portugal, recorde-se, é o principal responsável pela situação, nomeadamente pela doação unilateral e violando todos os acordos de Cabinda a Angola.

É claro que o MPLA desmente tudo e garante que “já não há guerra em Cabinda”. E quando os seus militares são mortos, a culpa é sempre do pneu da viatura.

E será certamente para evitar que os pneus rebentem que a colónia de Cabinda tem quase tantos militares angolanos como população.

Quem não está a gostar dos pneus é José Eduardo dos Santos, presidente do MPLA (partido que governa Angola desde 1975) e da República não eleito e há 32 anos no poder, que continua a exigir dos seus militares as acções necessárias para que nem as moscas ousem voar.

Apesar disso, certo é que as moscas continuam a voar e os pneus continuam a rebentar...

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