sábado, março 05, 2011

Tudo na santa paz de deus ou, como afirma o MPLA, na santa paz de Eduardo dos Santos...

De Luanda chegam as notícias de que milhares de pessoas (não serão milhões?) estão concentradas para a "marcha patriótica pela paz” organizada (com bebida e comida para todos) pelo MPLA, o partido que governa Angola desde 1975 e que tem como presidente da República, não eleito e há 32 anos no poder, José Eduardo dos Santos.

O local de encontro, no Marco Histórico 4 de Fevereiro, no bairro de Cazenga, parece pequeno para albergar no mínimo toda a população da Luanda. O regime não faz a coisa por menos.

A marcha de apoio ao chefe de Estado angolano foi anunciada pelo comité provincial de Luanda do MPLA na sequência da realização prevista de uma manifestação anti-regime, convocada anonimamente através das redes sociais, SMS e em vários sitos da Internet, e dirigida contra a "ditadura de José Eduardo dos Santos".

Convenhamos que, desde logo, chamar ditadura a um regime que tem um presidente não eleito há 32 anos no poder é algo que mostra o desconhecimento do que é democracia. Ou não será?

A direcção política do MPLA, pediu ontem aos seus apoiantes para estarem vigilantes (também pediu às suas forças de segurança para garantirem que até prova em contrário todos os que são contra o regime são culpados) e "não responderem a provocações", numa alusão aos protestos anti-regime que estão a ser convocados para a próxima segunda-feira em Luanda.

Em comunicado, o MPLA pede a todos os angolanos para "reforçarem os níveis de vigilância", com vista a "impedir indivíduos de má-fé de perturbarem o processo democrático".

Processo democrático, esclareça-se, que tem o mais puro e celestial exemplo no presidente da República. Exactamente. O tal que o é há 32 anos e que nunca foi eleito.

E no sentido, obviamente patriótico, democrático e digno de um Estado de Direito, de manter a paz, a Polícia Nacional vai redobrar o patrulhamento.

A proibição de uma vigília, convocada por partidos políticos sem representação parlamentar para a tarde de amanhã, insere-se sempre no tal contexto da legalidade, patriorismo e democracia...

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