terça-feira, maio 24, 2011

Dizer que existe corrupção em Portugal
não passa de mais uma campanha negra

Portugal deve aumentar as multas a aplicar aos crimes de corrupção, segundo o novo relatório da "Transparency International", uma Organização Não-Governamental. Pois, pois!

De acordo com o documento, Portugal deve "aumentar as sanções pecuniárias aplicáveis" aos "crimes relacionados com corrupção, incluindo a corrupção estrangeira".

A "Transparency International" vem, como lhe é habitual, dizer apenas o que todos já sabem. Todos sabem igualmente que às ocidentais praias, lusitanas e socialistas, situadas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos, restam duas únicas alternativas.

Portugal ou se afunda totalmente (já é pouco o que está fora de água) e passa o testemunho a uma comissão liquidatária liderada por exemplo por Angola, ou assume que quer ser uma espécie de Burkina Faso da Europa.

Aliás, nada disto é novo. Há mais de 500 anos que os antepassados dos portugueses sabiam que o reino não tinha futuro se aceitasse passivamente estar limitado às actuais fronteiras. Foi por isso que, num daqueles rasgos de heroicidade de outros tempos resolveram dar luz ao mudo.

Lembram-se, já agora, que foi um português que disse "De África tem marítimos assentos; É na Ásia mais que todas soberana; Na quarta parte nova os campos ara; E se mais mundo houvera, lá chegara!"?

Regressemos, entretanto, à versão sul-europeia do Burkina Faso. Portugal continua, de facto e cada vez mais de jure, sem ser um país, sem ser um Estado de Direito. É cada vez mais um local muito mal frequentado em que uma reduzida casta de "nobres" socialistas donos da verdade escraviza toda a plebe, tratando-a como se fossem escravos. E já faltou mais para o serem.

Em Portugal nada funciona bem para a esmagadora maioria, embora funcione quase na perfeição para os que estão no poder e, é claro, para os que têm esperanças de lá chegar a curto prazo.

Segundo a Transparency International, mais de meio mundo acredita que partidos, parlamento, polícia e tribunais são as instituições mais atingidas por uma corrupção quotidiana generalizada.

Todavia, no caso do tal reino das ocidentais praias socialistas lusitanas, tudo se resolverá com o tal "apelo à cidadania responsável e participativa" para a qual, penso, é fundamental que os portugueses se inscrevam nas organizações mais incólumes à corrupção e que, nesta altura, são com certeza os partidos nacionais, a começar pelo Socialista de José Sócrates, mas sem esquecer todos os outros.

Mas nada disto é relevante. Importa é salientar o orgulho luso de ver Sócrates dizer a Durão Barroso: "Conseguimos, pá!", de ver Cavaco Silva levar cem empresários ao reino de Angola, de ver Pedro Passos Coelho de “joelhos” (segundo o PS) em Espanha...

Ao que parece, 70% dos portugueses (claramente manipulados pelas forças do mal que só sabem fazer campanhas negras) considera os partidos políticos (isto é, aqueles seitas consideradas vitais nas democracias) as instituições mais corruptas.

Mas poderá lá ser! Corrupção nos partidos portugueses? Certamente que Transparency International se esqueceu de ouvir os militantes socialistas, os candidatos a militantes socialistas, os desempregados que querem ser socialistas para arranjar emprego, os empregados à custa do PS etc. Se os tivesse ouvido saberíamos que no partido de José Sócrates a corrupção não entra. E não entra porque já lá está, porque nunca de lá saiu, digo eu.

"Hoje somos confrontados diariamente com dramas pessoais e familiares que dificilmente poderíamos imaginar. São dramas que as estatísticas nem sempre revelam, mas que nos vão alertando para a dimensão social que a actual crise económica e financeira tem vindo a assumir", declarou pelo menos uma vez o chefe de Estado português, como se nada tivesse a ver com o assunto.

Que Cavaco Silva tenha dificuldade em imaginar os múltiplos dramas dos portugueses, ainda vá que não vá. Não pode, contudo, é escudar-se na ignorância de quem vive longe do país real para sacudir a água do capote e para fingir que não sabe que Portugal talvez gostasse de ser mas (ainda) não é um Estado de Direito.

Um Estado de Direito conquista-se quando se não tem medo de dizer a verdade. E esta, quer o presidente queira ou não, não é pertença nem do queixoso, nem do réu, nem do juiz e muito menos daqueles que têm dinheiro para comprar o queixoso, o réu e o juiz.

Os políticos de uma forma geral, sejam o Presidente da República, os membros do Governo, os deputados ou autarcas, teimam em tapar o sol com uma peneira, mesmo quando o fazem a meio da noite.

De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que tomasse medidas para castigar tanto o ladrão que entra em casa como o que fica à porta. Mas não. Cavaco Silva, na sua qualidade de mais alto magistrado da nação, parece querer castigar as vítimas e não os ladrões.

De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia que visse a quem beneficia a infracção, que argumentos usa para cilindrar a liberdade e sobretudo porque o faz de forma completamente impune.

De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal) esperar-se-ia muita coisa. E não apenas o óbvio para tudo continuar na mesma, para uns relembrarem o António (de Oliveira Salazar) e outros a necessidade de uma nova revolução.

De um presidente de um Estado de Direito (eu sei que não é o caso de Portugal), espero que ao menos tenha a ousadia de convidar quem pode, no caso o seu amigo e homólogo José Eduardo dos Santos, para tomar conta de Portugal.

Platão dizia que "o castigo por não participares na política é acabares por ser governado por quem te é inferior." Pior do que isso, é ser governado por quem é inferior e falido.

No caso de ser o MPLA a colonizar Portugal, ao menos tinham a vantagem de não estarem falidos...

1 comentário:

Fada do bosque disse...

«Na sua crónica de hoje no DN, Ferreira Fernandes retoma a questão, recentemente tão badalada, de 20 x portugueses x 20 ocuparem lugares na administração de mais de 1.000 empresas. Fica aqui na íntegra, porque é curta, e remeto para o meu comentário final.

Os 20 que nos têm cativos

Sim, também se aprende em eleições. Já a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários revelara no relatório anual sobre as sociedades cotadas (mas quem lê relatórios da Bolsa?), mas foi Francisco Louçã que disse em campanha: 20 administradores acumulam lugares nas administrações de mais de mil empresas portuguesas! Os discursos eleitorais sendo como os almoços, nunca grátis, Louçã puxou a coisa para o efeito imediato: um desses administradores omnipresentes ganhava 2,5 milhões de euros por ano. Ora esse é talvez o aspecto menos interessante do facto extraordinário de haver 20 pessoas com presença, cada uma, em 50 conselhos de administração. Aliás, alguns até estão em cargos não remunerados - e isso sublinha todo o sentido daquela bizarria. Os 20 tipos espalhados por mil empresas não estão lá para as gerir, estão lá para influenciar. Noutros negócios - máfia, maçonarias, Opus Dei (ou se quiserem ser românticos, dez estudantes finalistas brilhantes que fazem um pacto secreto para dirigir o País ao fim de uma dúzia de anos...) -, noutros negócios similares há a construção de um polvo, com estatutos mais ou menos secretos e uma vontade de organização. Mas os nossos "20 em mil" não são filhos de um complô - eles existem porque a nossa economia (centralizada e sem rasgo) respira naturalmente esta distribuição de poucos por quase tudo que dê dinheiro a sério. É assim porque é assim. E não vai deixar de ser assim.
(O realce é meu.)

Os factos são conhecidos e não voltaria a eles não fosse o «remate» do texto de FF - perfeito se for declaração de puro cinismo, terrível se tomado à letra. Porque se acreditamos mesmo que isto nunca «deixará de ser assim», que nada mais há a esperar destes europeus esburacados e agoirentos que somos, mais vale levantarmos os euros que ainda temos no banco e zarparmos com a família para um local remoto, se possível em terras férteis e com clima razoável, asilados de preferência junto de uma qualquer tribo de linguajar para nós desconhecido.
Joana Lopes
Veja este relatório, Orlando:
Link para o relatório. 3º comentário.