terça-feira, julho 19, 2011

“Jobs for de boys” à moda do PSD?

Como refiro no texto anterior, Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, nomeou, até ao momento e entre outras, quatro “secretárias pessoais”.

O Governo português até pode estar a fazer tudo correctamente. Não deixa, contudo, de prevalecer a ideia de que vigora a velha tese dos “jobs for de boys”… antes que seja tarde!

Poderá até ser uma forma de contribuir para a diminuição do desemprego. Com estes decisivos contributos, já não serão 800 mil os desempregados...

Recordo-me de ter ouvido o então líder parlamentar do PSD acusou no dia 15 de Julho de 2010 o primeiro-ministro de viver na fantasia e de ter feito um discurso sobre a situação do país que insulta as dificuldades dos 600 mil portugueses desempregados.

Sempre achei piada a este tipo de discussões de políticos que são fuba do mesmo saco, que são pares no tango que põe o país de tanga, que gostam – com tonalidades muito similares – de gozar com a chipala dos portugueses, julgado que todos eles são matumbos.

"O que temos hoje no país é impostos a mais, endividamento a mais, despesa pública a mais, riqueza a menos, poder de compra a menos, dificuldades a mais para as famílias e para as empresas", declarou na altura o líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo, durante o debate do (mau) “Estado da Nação”, no Parlamento.

Ou seja, disse o mesmo que um dia destes dirá o PS deste governo. É que a situação do país dos portugueses, não o país da maior parte deles, passa sempre pela mesma receita, pelo mesmo diagnóstico e – é claro – pelas mesmas vítimas.

Tudo isto é verdade, seja dito pelo PSD ou por qualquer outro partido. Mas o que o país precisa não é de diagnósticos ou placebos do PSD. Precisa de tratamento eficaz e, pelo andar da carruagem, não parece existir no reino lusitano quem seja capaz de passar das palavras à acção.

Miguel Macedo apontou na altura os "mais de cem mil portugueses que abandonam por ano o país porque não encontram em Portugal um presente e, sobretudo, não vislumbram em Portugal um futuro" e criticou os resultados invocados e o tom utilizado pelo então primeiro-ministro, José Sócrates, no seu discurso.

E então? Nada. O PSD, por falta de melhores argumentos, tem garganta suficiente para ir dizendo algumas verdades mas, até agora, apresenta-se como um partido castrado ou, pelo menos, detentor de tomates amovíveis. Sendo que a maior parte das vezes os deixa na gaveta.

"Desculpe que lhe diga, senhor primeiro-ministro, está a insultar a dificuldade de 600 mil portugueses que estão no desemprego", disse o líder parlamentar do PSD, acusando José Sócrates de ter demonstrado "insensibilidade social e de autismo político" e de ter feito uma intervenção de quem vive no "país da fantasia".

Mais uma vez o PSD esquece-se que ladrão tanto é o que entra em casa como o que fica à porta. E em Portugal, agora, alteraram-se as posições. Apenas isso. É o PSD quem entra na casa dos portugueses, mas quem fica à porta (desejoso de regressar para fazer o mesmo) é o PS.

Segundo o líder parlamentar do PSD, "os portugueses hoje não vivem melhor depois de cinco anos de Governo socialista" e Portugal é "um país com mais pobres, mais excluídos e mais desigualdades", ao contrário do que alegou o primeiro-ministro.

Só faltou dizer que os portugueses que estão a aprender a viver sem comer são cidadãos de terceira. De primeira, e sem esses problemas, são agora os do PSD, de segunda e também sem grandes problemas são os do CDS, de terceira os do PS e de quarta são todos aqueles que trabalham, todos os que pensam pela sua própria cabeça e que não têm nem coluna vertebral nem tomates amovíveis.

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