sexta-feira, agosto 19, 2011

Gilberto Santos e Castro


O oficial em que todos reconheceram como o criador das tropas Comando foi o então major de Artilharia Gilberto Santos e Castro, primeiro comandante do Centro de Instrução de Comandos em Angola, criado em 29 de Junho de 1965.

Já como coronel, a seguir ao 25 de Abril de 1974, desencadeou uma tentativa juntamente com a FNLA de Holden Roberto e a UNITA de Jonas Savimbi, para a ocupação de Luanda antes 11 de Novembro ou no próprio dia da proclamação da independência.

Em relação a Luanda, objectivo esteve à beira de ser atingido mas falhou porque os elementos negros da FNLA e das forças cedidas por Mobutu não aceitaram o comando de brancos; sentiram-se humilhados. Foi a rivalidade entre oficiais brancos e negros que conduziu ao desastre do assalto a Luanda.


Vista a situação retrospectivamente é evidente que nem o Conselho da Revolução nem o Conselho de Ministros poderiam ter apoiado a tentativa de Santos e Castro. Os centros de decisão nacionais eram dominados pela esquerda política e militar e não havia qualquer possibilidade de apoio, mesmo clandestino. Bem pelo contrário.

Os companheiros de armas de Santos e Castro, como o Almirante Pinheiro de Azevedo, dizem que se tivesse sido possível controlar e apoiar a sua acção, a sua luta e a sua eventual vitória teriam sido de grande valor. Representariam, dizem, a desafronta da humilhação que estava a ser imposta tanto aos civis como aos militares portugueses.

A única possibilidade de actuação teria sido um 25 de Novembro (de 1975) diferente. Mas, no 25 de Novembro a descolonização não esteve em causa... até porque já era assunto arrumado.

O problema da ocupação de Luanda por Santos e Castro teria sido sempre muito complexo. Pinheiro de Azevedo conta no seu  livro “25 de Novembro sem máscara” que não se sentia contrário à operação que ele tentou, “porque representou a desafronta de um povo que fora menos prezado”.

E acrescenta que “numa situação destas é preciso combater, é preciso tentar honrar o compromisso assumido: no caso, a assinatura aposta no Acordo de Alvor que foi feito com o conhecimento e o consentimento das potências internacionais”.

Essa fase da vida Portuguesa foi dramática. Foi a luta de várias tendências, de várias forças. De um lado tudo foi feito com método, antecipadamente concebido, previsto e preparado. Do outro, tudo foi improvisação. A própria acção de Santos e Castro foi toda improvisada.

No livro “Angola - comandos especiais contra os cubanos”, de Gilberto Santos e Castro e dedicado aos portugueses que se juntaram numa primeira fase às tropas de Holden Roberto e da FNLA no norte de Angola, o autor relata a sua actividade na luta contra os cubanos e o MPLA, tendo como objectivo combater o expansionismo marxista russo-cubano.

Além de um exército muito mal organizado e armado, o ELNA, depararam com medidas políticas do lider da FNLA, Holden Roberto, que acabou na contratação de centenas de mercenários e que acabaria com o triste espectáculo que foi o fuzilamento de alguns desses “soldados da fortuna” às ordens do célebre Callan  e à captura deste pelas FAPLA e cubanos em Fevereiro de 1976 e a toda a encenação que foi o julgamento dos mercenários em Luanda.

Os comandos portugueses então mobilizados pelo seu fundador, na ordem das centenas, na sua maioria brancos que tinham servido no exército português na guerra colonial em Angola, ainda conseguiram esboçar uma reorganização das forças militares de Holden Roberto e deram alguma resistência e até avançaram a caminho de Luanda. Não resultou.

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