quinta-feira, agosto 18, 2011

Só correspondente da RTP nos EUA?


Mário Crespo denunciou no dia 1 de Fevereiro de 2010, num artigo publicado no site do Instituto Francisco Sá Carneiro, ter sido alvo de conversas hostis por parte de três membros do então Governo (José Sócrates, Jorge Lacão e Silva Pereira).

E como os amigos são para as ocasiões, a recompensa está para chegar pela mão, mesmo que invisível, do ministro Miguel Relvas. Não creio, aliás, que ser correspondente da RTP nos EUA corresponda ao que Mário Crespo merece. Tudo quanto for abaixo de presidente da Lusa, ou até mesmo da RTP, parece-me pouco.

No referido texto, Mário Crespo, o jornalista da SIC, referia que no dia 26 de Janeiro, dia de Orçamento, "o Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor".

Só agora se tem a noção exacta dos decibéis dessa conversa. É que, ao que parece, ela foi mesmo ouvida na Rua de São Caetano, em Lisboa.

"Fui descrito como um profissional impreparado", descreve ainda Mário Crespo. "Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o", acrescenta.

Mais uma vez, só agora se consegue saber que uma das fontes de Mário Crespo, que estava numa mesa ali mesmo ao lado, se chama Miguel. Não se sabe se o apelido é Relvas, mas tudo indica que sim.

No texto, Mário Crespo faz ainda referência ao caso de Manuela Moura Guedes. "Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”.

Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”", continuava o jornalista da SIC.

De acordo com uma nota divulgada nesse dia pelo site do Instituto Francisco Sá Carneiro, este artigo foi originalmente redigido para ser publicado na imprensa. Por sua vez, José Manuel Fernandes, ex-director do Público, publicou no Facebook que este era um artigo para ter saído no Jornal de Noticias, mas o director não deixou. José Manuel Fernandes disse ainda ter confirmado esta informação.

E assim, mais ou menos assim, se vai escrevendo a nobre e impoluta história do jornalismo português em que, como convém, a promiscuidade entre políticos e jornalistas é, afinal, o menor dos males…

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