segunda-feira, outubro 31, 2011

“Como é possível manter um governo
em que um primeiro-ministro mente?”

Se os porcos propriamente ditos comem farelo e não morrem, os escravos portugueses têm de se habituar a essa nova dieta.

O aumento de meia hora por dia no horário de trabalho "é de facto trabalho obrigatório não remunerado, coisa que na nossa civilização não existe há vários séculos", disse hoje o economista João Ferreira do Amaral.

Ou seja, é mais uma forma de dar corpo à escravatura que – impune e descaradamente – o Governo português está a impor aos seus súbditos. Não deixa, contudo, de ser um mal menor para todos aqueles que estão voluntariamente obrigados a aprender a viver sem comer.

Elevar o horário de trabalho em duas horas e meia por semana "não tem efeitos significativos na economia, do meu ponto de vista", disse Ferreira do Amaral à margem da conferência "O valor da poupança e o rigor das Finanças Públicas", promovida hoje pelo Tribunal de Contas em Lisboa.

"Talvez [o Governo] nem se tenha apercebido da gravidade" desta medida, disse João Ferreira do Amaral, que acrescentou: "O que me mete mais impressão é que estas medidas sejam anunciadas sem haver um estudo do impacto que elas [terão] na realidade."

Estudo? Parafraseando Afonso Camões, presidente da Lusa, o Governo do reino adoptou uma técnica que evita estudos, análises, ponderações, equidade. Ou seja, “é assim que eu quero, é assim que vai ser”.

As duas confederações sindicais, UGT e CGTP, repudiaram hoje a proposta do Governo, considerando que se trata de uma medida que estimula o desemprego e não a competitividade.

"Está em causa a destruição do horário de trabalho, não há memória deste tipo de medida em toda a União Europeia e merece o nosso repúdio total", disse o secretário-geral da UGT, João Proença, no final de uma reunião de concertação social.

Apesar da contestação dos sindicatos, o ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, afirmou aos jornalistas que as confederações acolheram com interesse a proposta do Executivo.

Reconheça-se, todavia, que os trabalhadores (excluem-se desta categoria todos os que o não são, caso dos chefes, directores, administradores, patrões e similares) até deveriam era trabalhar sem ganhar ou, até, pagar para trabalhar.

Eu sei que Passos Coelho dizia que “estas medidas (de José Sócrates) põem o país a pão e água”, acrescentando que “não se põe um país a pão e água por precaução”.

Ora, como segundo o primeiro-ministro o país está de tanga, urge substituir a dieta alimentar dos portugueses, pondo-os a comer farelo. De facto, se os porcos propriamente ditos o comem e não morrem, porque razão os escravos portugueses não poderão ter a mesma alimentação?

Importa igualmente recordar que em muitas coisas Portugal é grande. Exemplos? Hum! Nos bacanais políticos, nas orgias político-económicas e, é claro, nas festas da abundância (Fado, Futebol e Fátima) com que alimenta os escravos.

Como bem sabem os 800 mil desempregados, os 20% que ainda vivem (isto é como quem diz) na miséria e os outros 20% que a têm à porta, em todas as sociedades (é o caso de Portugal)  em que existem seres superiores e inferiores, em que os esclavagista estão no poder, os escravos têm de pagar os manjares dos seus donos, seja pelas pensões vitalícias ou por outros emolumentos.

Aliás, por muito que seja o dinheiro envolvido na chulice, importa reconhecer que os políticos portugueses, os de ontem e os de hoje (a fazer fé nas fábricas partidárias, possivelmente também os de amanhã), são mesmo seres superiores que, como exímios azeiteiros, exploram os escravos até ao tutano. E exploram porque tal lhes é permitido. E sé é isso que a plebe quer, não há nada a fazer.

Aliás, basta ver a galeria de notáveis e superiores cidadãos lusos para ter a certeza de que todos eles, de Dias Loureiro a Oliveira e Costa ou Ângelo Correia, de Jorge Coelho a Armando Vara  merecem tudo o que recebem e ainda muito mais.

Se em Portugal a casta superior é constituída por todos aqueles que trabalham não para os milhões que têm pouco ou nada (os escravos), mas sim para os poucos que têm cada vez mais milhões, ninguém pode dizer que eles não são competentes e merecedores que os plebeus continuem a pagar para manter a sua mama.

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