segunda-feira, outubro 10, 2011

Os (az)ares de José Eduardo dos Santos

Quando ouviu os cabindas dizerem que se põem de joelhos perante Deus, Eduardo dos Santos disse ao MPLA que queria ser Deus...

Depois, quando o Comité Nobel norueguês anunciou como Nobel da Paz 2011 as liberianas Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee e iemenita Tawakkul Karman, interrogou (diz-se) médicos cubanos sobre a possibilidade de “virar” mulher.

E enquanto procura um reconhecimento internacional, que está a ser difícil apesar das toneladas de petróleo que está disposto a gastar para o conseguir, o presidente do MPLA, do regime, de Angola (é tudo a mesma coisa) abriu concurso de ideias para atingir esse desiderato.

Ao que parece, os especialistas mais credenciados para o efeito são brasileiros e portugueses. E deles terá chegado a ideia de que a melhor forma para ser figura relevante dos areópagos internacionais terá de, vejam só, ser eleito presidente ao fim de 32 anos no poder.

E vai ser por essa via que Eduardo dos Santos lá vai chegar. Tudo está pronto para, em 2012, ele ser finalmente eleito. Não como presidente por escolha universal e directa dos angolanos, mais como cabeça de lista do partido que, como todos sabem, vai vencer as eleições, ou seja, o MPLA.

Num laivo de discernimento, prontamente atribuído à medicação fora da validade, Eduardo dos Santos interrogou os seus super-especialistas se não haveria coisas que o pudessem prejudicar.

“No ranking da corrupção divulgado pela Transparência Internacional, Angola está ao mesmo nível da Guiné-Bissau, ou seja na 158ª posição”, lembrou Eduardo dos Santos.

- Não é preocupante, disseram os especialistas brasileiros e portugueses, falando com vasto conhecimento de causa.

“Em Angola, mais de 68% da população vive em pobreza extrema e a taxa estimada de analfabetismo é de 58%. A dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens é o método utilizado por nós para amordaçar os angolanos. O silêncio do povo deve-se à coação e às ameaças. A corrupção política e económica é utilizada contra todos os que querem ser livres. O  acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito das nossas famílias”, afirmou ainda Eduardo dos Santos.

E os conselheiros, traumatizados e petrificados, ficaram de boca aberta. E, a medo, perguntaram: “Mas o que é que é isso presidente?”.

Foi então que, com um sorriso de orelha a orelha, Eduardo dos Santos explicou:

- Não se preocupem. Eu estava apenas a fingir que era o Isaías Samakuva.

Sem comentários: