segunda-feira, outubro 17, 2011

Quando, como agora, o mar português está bravo, os mexias do sistema safam-se sempre

A economia portuguesa vai continuar a fazer buracos no fundo. Uma contracção de 2,8% (ou mais) em 2012 será o pior resultado desde 1975.

Culpados? Obviamente os trabalhadores, os desempregados, os pensionistas, os pobres miseráveis escravos que ainda teimam em viver, mesmo tendo o prato vazio.

Se acordo com o Orçamento de Estado, o desemprego vai chegar pelo menos aos 13,4%. Nada mal. Quanto pior, melhor. Talvez isso leve os portugueses que já não comem e nada vêem a optar pela velha política do olho por olho, dente por dente.

A derrapagem nas contas públicas de 2011, segundo o governo, é de cerca de 3,4 mil milhões de euros. Se o princípio fosse, neste caso, o do utilizador pagador, os portugueses escapariam porque não são eles os responsáveis pela derrapagem. Mas como não é (e isso só é regra quando dá jeito), lá vão eles pagar a factura que outros beneficiou.

Outros como: Joaquim Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara, Manuel Dias Loureiro, Fernando Faria de Oliveira, Fernando Gomes, António Vitorino, Luís Parreirão, José Penedos, Luís Mira Amaral, António Mexia, António Castro Guerra, Joaquim Ferreira do Amaral, Filipe Baptista ou Ascenso Simões.

E como é habitual no reino, ninguém acerta nas contas porque ninguém sabe a quantas anda. Rever é a palavra de ordem. Há pouco mais de um mês os peritos dos peritos do PSD e do CDS previam que a economia contraísse 1,8% em 2012. Hoje passaram para 2,8%. Amanhã se verá.

E por este andar, cortados que serão os subsídios de férias e de Natal para os funcionários públicos e os pensionistas que ganham mais de mil euros por mês, não tardará que cortem também os próprios ordenados.

De acordo com o ministro Vítor Gaspar, a economia vai cair em 2011 e 2012 cerca 5%. Apontam, contudo, com uma cenoura para que os camelos continuem a sua serena marcha pelos meandros da escravatura: em 2013 a economia (se existir) começará a recuperar.

Quando interrogado sobre se o Governo poderia garantir que não seria preciso pedir mais sacrifícios, Vítor Gaspar engrenou a sua habitual bonomia e preferiu dizer que não é possível “fazer afirmações de política de carácter incondicional”. Ou seja, às segundas, quartas e sextas é uma coisa, às terças, quintas e sábados outra.

Portugal têm contudo razões para sorrir. Não estou a ver nenhuma, mas se se consultar o PSD logo se vão descobrir um montão delas.

Enquanto isso, registe-se que Portugal tem a pior dívida pública dos últimos 160 anos (mesmo não incluindo PPPs e empresas públicas); a pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos; a maior dívida externa dos últimos 120 anos.

Também é verdade (ma isso é coisa que pouco importa) que a dívida externa bruta em 1995 era de 40% do PIB e que em 2010 era de 230% do PIB. Que a dívida externa líquida em 1995 era de 10% do PIB e que em 2010 era de 110% do PIB.

Igualmente verdade, mas de somenos interesse, é que últimos 10 anos Portugal foi  3º país do mundo com o pior crescimento económico (atrás do Haiti e Itália), devendo ser o único que em 2012  estará em recessão.

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