sexta-feira, novembro 04, 2011

Entre a longa pobreza e a pobreza longa

António Barreto defendeu hoje que se Portugal sair da União Europeia atravessará "um longuíssimo período de pobreza". Se ficar, digo eu, atravessará “um período de pobreza longuíssimo”.

O sociólogo não é favorável ao actual modelo europeu que, afirmou "não prestou suficiente atenção aos cidadãos", mas espera, no entanto, que Portugal não saia da União Europeia.

Se sair da EU irá para onde? Como a Lusofonia, nomeadamente na sua vertente africana (não a de Massamá), é algo que mete medo a muitos dos políticos portugueses, a alternativa poderá no entanto passar pela Ibéria, a integração em Espanha que era  tão desejada por José Saramago.

Diz ainda António Barreto que "se Portugal sai da União Europeia e das suas relações privilegiadas com os países europeus, creio que nos esperam um longuíssimo período de pobreza, de isolamento e, talvez, de menor liberdade".

Não será bem assim. Mas… Portugal adoptou oficialmente a tese de que a Europa é que tem futuro (e, de facto, os credores é que mandam). E quem sou eu para justificar que se o presente pode ser a Europa, o futuro, esse passa pela África lusófona?

Ao dissertar na IV Conferência Internacional do Funchal sobre "Um rumo para Portugal", António Barreto lembrou que "um rumo para um país não é coisa para um homem só, é coisa para um povo" e defendeu "um clima de maior confiança entre os seus dirigentes e os cidadãos e, sobretudo, de informação, de discussão e de debate".

Fez ainda um apelo aos dirigentes políticos e económicos para se desdobrarem em informação à população para que a população, sabendo mais, possa continuar, sem receio, do futuro e ter um estímulo em participar". Insistiu que é preciso dar a conhecer os problemas para que a população possa saber o que está em causa e assim poder participar.

Finalizou dizendo que nos próximos anos é necessário "refazer ou repensar a União Europeia noutros moldes, conforme está não dura muito tempo".

E enquanto só se fala de Europa, vou esperar sentado e de barriga vazia para ver se alguém se preocupa em explicar aos jovens portugueses o que é a real Lusofonia.

Isto porque, hoje, é para eles mais importante o que se passa em Kiev do que o que se passa em Luanda, é mais importante o que se passa em Bruxelas do que o que se passa na Cidade da Praia, é mais importante o que se passa em Tripoli do que o que se passa em Díli.

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