domingo, dezembro 04, 2011

Afinal a manifestação em Luanda foi um encontro amoroso do Povo com a polícia

A polícia do MPLA não efectuou qualquer detenção no âmbito da manifestação antigovernamental de ontem, em Luanda, garantiu o porta-voz da Polícia Nacional à Agência Lusa.

O comissário Carmo Neto precisou que "o direito de manifestação está consagrado na Constituição, e que a Polícia Nacional tem o dever de garantir o exercício desse direito". Ficamos todos descansados… até mesmo os que levaram porrada e os que foram detidos.

"As manifestações correspondem a uma das formas de liberdade de expressão, consagradas na Constituição angolana e cuja protecção, com vista a prevenir actos de desordem pública, é uma atribuição da Polícia Nacional", destacou o sipaio do MPLA, julgando certamente que, tirando os donos do reino, todos os outros são matumbos.

Quanto ao número de feridos resultantes dos incidentes, embora só vistos pelos jornalistas que não são do regime, o comissário Carmo Neto respondeu "não ter informações" a esse respeito. "Eu não estive no local, mas vou informar-me e amanhã (segunda-feira) poderei ter mais elementos", acrescentou.

Ou seja, não viu, não ouviu... mas fala. E fala para dizer o que o regime manda que ele fale. Tal como, certamente, está consagrado na Constituição.

O comissário Carmo Neto recordou ainda que a Policia Nacional (ou seja, a do regime, ou seja, o do MPLA, ou seja a de Eduardo dos Santos) dispõe de mecanismos a que os cidadãos podem recorrer para reclamar da actuação das forças policiais.

"Qualquer cidadão pode e deve fazer recurso aos Guichés de Reclamação do Cidadão no Comando Geral da Polícia Nacional e junto dos Comandos provinciais", frisou. Faltou acrescentar que, como manda o dono do reino, qualquer manifestante é considerado culpado até prova em contrário pelo que, a bem do regime, primeiro leva porrada, depois porrada leva e, com sorte, talvez consiga sair em liberdade.

Os manifestantes, e não só eles, têm vídeos e os nomes dos polícias envolvidos, dos que estavam à civil, e dos comandantes que nada fizerem quando os polícias à civil carregou sobre os manifestantes.

Mas de nada adianta. Angola é o MPLA e o MPLA é Angola. Quem disser, ou até pensar, o contrário vai para a choldra na melhor das hipóteses.

Tudo porque, perante a passividade da comunidade internacional, ninguém pode questionar a legitimidade de alguém, no caso Eduardo dos Santos, que só está no poder há 32 anos… sem nunca ter sido eleito.

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