quarta-feira, dezembro 21, 2011

Cabo Verde tem mais encanto na hora em que passa a ser o país lusófono mais democrático!

Cabo Verde é o país lusófono mais democrático. Ora aí está. Segundo o Índice da Democracia 2011, do Economist Intelligence Unit, ultrapassou mesmo o reino das ocidentais praias lusitanas. É claro que, sem novidade, Angola e a Guiné-Bissau entre os piores.

O índice, realizado pelo serviço de investigação da revista "The Economist" (que não é propriamente o Jornal de Angola), vai na quarta edição e avalia as democracias de 165 estados independentes e dois territórios, colocando-os em quatro categorias: democracias plenas, democracias com falhas, regimes híbridos e regimes autoritários.

Segundo o relatório, Cabo Verde é o 26º país mais democrático e o primeiro na categoria das democracias com falhas, sendo seguido de Portugal. Os dois países trocaram de posição, já que em 2010 Portugal era o 26º e Cabo Verde o 27º.

A nível da corrupção a situação é, ainda é, um pouco diferente. Ou seja, Portugal (quem diria?) é o menos corrupto, segue-se Cabo Verde (41º), Brasil (73º), Moçambique ficou na 120ª posição, a Guiné-Bissau foi incluída no grupo dos 30 países mais corruptos à luz do Índice de Percepção da Transparência Internacional, estando este ano no 154º lugar, São Tomé e Príncipe está na 100ª posição. Já Angola é, entre os lusófonos, o pior colocado, ocupando o 168º lugar.

Num total de 10 pontos possíveis, diz o Economist Intelligence Unit, Cabo Verde obtém 7,92 (menos duas décimas do que em 2010), o que resulta de uma avaliação baseada em cinco critérios: processo eleitoral e pluralismo (9,17 pontos), funcionamento do governo (7,86), participação política (7,22), cultura política (6,25) e liberdades civis (9,12).

Cabo Verde é referido como um dos seis países da região da África subsaariana onde as eleições são consideradas livres e justas, juntamente com o Botswana, o Gana, as Maurícias, a África do Sul e a Zâmbia.

Entre as democracias com falhas surgem ainda Timor-Leste, que se manteve no 42º lugar, e o Brasil, que desceu da 47ª para a 45ª posição, a par da Polónia.

Timor-Leste teve uma classificação global de 7,22 (igual a 2010), com 8,67 no processo eleitoral e pluralismo, 6,79 no funcionamento do governo, 5,56 na participação política, 6,88 na cultura política e 8,24 nas liberdades civis.

Já o Brasil teve 7,12 (igual a 2010) de classificação geral, com 9,58 no processo eleitoral, 7,50 no funcionamento do governo, 5,00 na participação política, 4,38 na cultura política e 9,12 nas liberdades civis.

Moçambique, que desceu do 99º para o 100º lugar em 2011, é o único país lusófono entre os regimes híbridos e obteve um total de 4,90 pontos (igual a 2010), distribuídos entre o processo eleitoral (4,83), funcionamento do governo (4,64), participação política (5,56), cultura política (5,63) e liberdades civis (3,82).

Entre os países classificados como sendo regimes autoritários surgem Angola, que desceu do 131º para o 133º lugar, e a Guiné-Bissau, que se manteve no 157º.

O processo eleitoral e pluralismo angolanos obtiveram 1,33 pontos, o funcionamento do governo 3,21, a participação política 4,44, a cultura política 4,38 e as liberdades civis 3,24, o que resulta numa classificação global de 3,32, igual à do ano passado.

Angola é ainda um dos 40 países que registaram uma deterioração da liberdade de imprensa, revela o relatório.

Com um total de 1,99 pontos (igual a 2010), a Guiné-Bissau recebeu uma classificação de 2,08 no processo eleitoral, 0.00 no funcionamento do governo, 2,78 na participação política, 1,88 na cultura política e 3,24 nas liberdades civis. O Índice da Democracia não refere São Tomé e Príncipe.

É claro que nem tudo vai bem nas terras de Cesária Évora e Ildo lobo. Alguns dos seus políticos ainda revelam muito do que aprenderam com os seus mestres lusitanos.

Ainda não há muito, o então  candidato à Presidência da República de Cabo Verde, pelo PAICV, Manuel Inocêncio Sousa,  mostrou que gosta que os jornalistas lhe façam apenas as perguntas que ele própria entende que devem ser feitas.

Quando assim não acontece, o que é raro, vai aos arames. E, de facto, é uma chatice não terem acabado de uma vez por todas (como está a acontecer em Portugal) com essa classe que teima em lutar contra a extinção e que dá pelo nome de Jornalistas.

Em Maio, o candidato do PAICV e ex-ministro achou normal, e se calhar tem razão, que o filho de um ministro – neste caso o seu – entrasse para uma empresa pública que o pai tutela.

O problema estava, apenas, no facto de Cabo Verde querer ser uma democracia e um Estado de Direito. E se é, como parece ser,  não pode ter ministros, muito mais um candidato a presidente da Republica, que se julgue dono do país e da verdade. Para isso já bastam os exemplos, entre outros, de Eduardo dos Santos e Passos Coelho.

Manuel Inocêncio Sousa ficou virado do avesso quando um jornalista João Matos, da Rádio França Internacional, lhe perguntou se também era normal a sua antiga sócia ter ganho vários concursos públicos em obras que o seu próprio ministério promovia.

Moral da história. Para Manuel Inocêncio Sousa era tudo normal: “o filho entrar numa empresa pública por ele tutelada, a sócia ganhar concursos atrás de concursos numa área também por ele tutelada… Enfim, segundo esta bizarra figura, trata-se de “baixa política” encontrar nesta “normalidade” um leve sinal de nepotismo…”

Pois é. Nem sempre resulta copiar o que se pratica em Portugal…

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