quinta-feira, março 15, 2012

À luz de um candeeiro apagado!

O presidente da ERSE afirmou ser "prematuro" afirmar que as tarifas de electricidade em Portugal deverão aumentar 10% em 2013. Tem razão. Devem aumentar mais do que isso.

Os 10% tinham sido apontados pelo ex-secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, num discurso que nunca chegou a proferir antes de apresentar demissão e de ser substituído, por mero acaso, por um dirigente da… ERSE.

Vítor Santos, presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), considera que estando em Março e a "uma distância de nove meses e meio, é prematuro" estar a lançar previsões.

Os portugueses ficaram a saber, pelo menos, que só daqui a nove meses e meio é que chega 2013. Já não é mau.

"É muito tempo, dada a volatilidade dos mercados energéticos", frisou Vítor Santos, acrescentando que a ERSE, enquanto entidade reguladora, "não faz comentários sobre tarifas, cabe à ERSE tomar decisões e temos uma prática que está institucionalizada em que só se pode falar de tarifas no dia 15 de Outubro de cada ano".

Apesar disso, e estando em Março, portanto a nove meses e meio de 2013, sempre disse que a ERSE tem vindo a alertar para o aumento dos custos políticos e económicos nas tarifas: "Quer nas comunicações de tarifas, quer nas intervenções no Parlamento, temos vindo a chamar a atenção relativamente aos efeitos da evolução dos CIEG (Custos de Interesse Económico Geral) sobre as tarifas".

Tudo isso apesar “da prática que está institucionalizada em que só se pode falar de tarifas no dia 15 de Outubro de cada ano”.

O presidente da ERSE acrescentou, no entanto, que se trata "de uma matéria que é da competência estrita do Governo, que está a trabalhar no assunto".

Para Julho, altura em que entrarão em vigor as primeiras tarifas transitórias para as pequenas empresas, Vítor Santos adiantou que a entidade reguladora deverá decidir em Junho quais os novos preços. "Estamos a analisar a situação e um eventual ajustamento [das tarifas] entrará em vigor a 1 de Julho", observou.

Os portugueses, que cada vez vivem mais à luz de um candeeiro apagado, ficaram também a saber que vão ter formação para dessa forma aumentarem “o nível de informação dos consumidores de energia relativamente ao processo de extinção de tarifas reguladas e de mudança de comercializador".

Creio que, a exemplo do que o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, fez para os desempregados, também seria aconselhável criar a figura de “gestor de consumos”. Seria uma forma de ensinar os consumidores as regras de utilização das lamparinas e similares.

A ERSE refere que "disponibilizará também às entidades envolvidas todos os suportes de informação necessários para uma ampla e correcta divulgação junto dos consumidores de energia".

Não seria mais simples explicar que viver às escuras pode ajudar a controlar a diabetes, por exemplo,  e que viver sem comer ajuda a diminuir o excesso de peso e as doenças correlativas? Ou que um corpo são se consegue sem electrodomésticos e exercitando o físico na lavagem da roupa à mão e bebendo líquidos à temperatura ambiente?

Justificar, como o fez na sua habitual “câmara lenta” o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que "a esmagadora maioria dos países da União Europeia paga a electricidade à taxa máxima de IVA", é também uma forma de dizer aos consumidores que são uma cambada de matumbos.

Tão matumbos  que, pensará o super-ministro, nem sabem que o seu nível de vida é dos mais fracos dessa mesma Europa.

Mas isso são outras cantigas.

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