sexta-feira, março 30, 2012

O (im)poluto cidadão que (do)mina Portugal

A tradução do que o primeiro-ministro de Portugal disse hoje no Parlamento é: os portugueses estão quase a saber viver sem comer e sem ir ao médico, mas tudo indica que possam morrer a todo o momento.

Passos Coelho disse que "infelizmente" haverá um "agravamento do desemprego em Portugal" este ano. Passarão a ser bem mais do que os actuais 1.200 mil. Se a esses se juntar os 20% de pobres e os outros 20% que já não sabem para que servem os pratos, o retrato fica quase completo.

"O Governo viu as suas previsões contidas no Orçamento do Estado para 2012 ultrapassadas relativamente à matéria do desemprego", disse o primeiro-ministro com aquele ar cândido de cidadão impoluto que enganou os portugueses só para chegar à gamela.

"Por essa razão, quando fizemos o terceiro reexame regular da troika tivemos oportunidade de actualizar essas previsões e elas constarão justamente do Orçamento do Estado rectificativo que será apresentado a esta câmara na próxima semana. E dentro dessas previsões nós ajustamos em alta, infelizmente, a previsão para o desemprego. Não será, por isso, infelizmente, novidade que assistiremos ainda ao agravamento do desemprego em Portugal este ano", acrescentou o africanista da Massamá.

O mesmo que, recorde-se, dizia “ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam”.

Passos Coelho, pouco ralado com o facto de os portugueses saberem que têm um primeiro-ministro que mente, afirmou ainda que o Governo está "justamente a trabalhar para atenuar esses efeitos do desemprego, desde logo apostando em políticas activas de emprego”.

Se se olhar para muitos dos deputados do PSD, alguns até se sentam na primeira fila, fica a saber-se quais são as “políticas activas de emprego”. O mesmo se passa quando se olha para as empresas ou entidades nas quais o Governo manda. Não são bem “políticas activas de emprego”, mas antes “políticas activas de tachos”.

É claro que a austeridade é para todos, embora mais para uns do que para outros. Mais, muito mais, para os escravos do que para os seus donos. Muito mais para os desempregados, pensionistas, e idosos do que para os mexias, farias e bavas da praça lusitana.

Praça lusitana (do)minada por um energúmeno que disse: “Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa”.

Que disse: “Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias. Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos”.

Que disse: “Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos. Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa. Posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português”.

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