quinta-feira, junho 21, 2012

Filial do PSD iliba Miguel Relvas



O PSD anunciou hoje que vai votar contra o requerimento do PS para ouvir o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, no Parlamento.

Diz o PSD que a deliberação da sua filial, que dá pelo nome de Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), sobre o caso Público foi “absolutamente esclarecedora”. E foi mesmo.

Segundo a vice-presidente da bancada social-democrata, Francisca Almeida,  o relatório da ERC, foi “feito por técnicos e sufragado pelo Conselho Regulador”, é “absolutamente esclarecedor”.

Sufragado, esclareça-se, por três dos cinco membros daquela filial do PSD, por sinal escolhidos pelo impoluto ministro Miguel Relvas.

Francisca Almeida, ao bom estilo não de Francisco Sá Carneiro mas de Pedro Passos Coelho e acólitos,  acusa o PS de estar “porventura refém de alguns fantasmas do passado” e de querer “continuar a fazer um aproveitamento político desta questão”.

“Cremos que nem os portugueses compreenderiam que o Parlamento continuasse a debruçar-se sobre esta questão quando ela está já esclarecida. O PSD votará contra o requerimento do PS”, concluiu.

Também não percebo a razão pela qual o PS quer continuar o folhetim, e logo ele que tem (muitos) telhados de vidro e é conivente ao aceitar escolher dois sipaios para decorar a ERC.

A deliberação da filial do PSD diz que o ministro Miguel Relvas não fez “pressões ilícitas” ao jornal ou à jornalista Maria José Oliveira, e que “não se verificou a existência de um condicionamento da liberdade de imprensa”.

Tivesse sido Miguel Relvas a redigir a deliberação e não teria feito melhor texto. Aliás, não terá sido mesmo ele a escrevê-la?

A ERC/Filial do PSD não deu como provado que Miguel Relvas tenha ameaçado promover um blackout informativo de todo o Governo ao Público. Tal como não deu como provado que o ministro tenha ameaçado divulgar na Internet um dado da vida privada da jornalista Maria José Oliveira, responsável pela cobertura jornalística do chamado “caso das secretas”.

Ou seja, concluiu aquilo que todos já sabiam que iria concluir. Apesar disso, compreende-se. Aquela malta precisa de justificar o que ganha e, para isso, não basta (embora ajude) Carlos Magno elogiar a gravata do patrão.

A filial do PSD, numa tentativa caricata e histriónica de querer parecer séria, salienta o “tom exaltado” de Miguel Relvas e a ameaça de deixar de falar com o Público e admite  que este comportamento “poderá ser objecto de um juízo negativo no plano ético e institucional”.

E assim se faz a história da actual política portuguesa em que, sem nenhuma originalidade, se põe os sipaios escolhidos pelo chefe do posto a analisar o comportamento desse mesmo chefe do posto. Tudo, é claro, a bem da nação…

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