domingo, junho 17, 2012

MPLA acena com fantasma da guerra


Uma coisa a que só com muito, mas mesmo muito, esforço se poderá chamar jornal, e que dá pelo nome de “Factual” diz numa das suas edições: “Kamalata Numa com saudades pretende voltar à guerra”.

Poderiam, ao menos, ser originais. Mas nem sequer conseguem. Os mestres do Jornal de Angola e do MPLA (são uma e a mesma coisa) não ensinaram mais e, por isso, todos não conseguem contar até 12 sem terem de se descalçar.

Há pouco mais de um ano, o secretário para a informação do MPLA, Rui Falcão Pinto de Andrade, afirmava que as armas e munições encontradas no navio americano Maersk Constellation, retido no Lobito, pertenciam à UNITA, apesar de se destinarem ao Quénia.

De quando em vez, ou seja sempre que dá jeito, o regime angolano faz destas descobertas.

Já em Fevereiro de 2008, numa entrevista à LAC - Luanda Antena Comercial, o então ministro da Defesa angolano, Kundi Paihama, levantou a suspeita de que a UNITA mantinha armas escondidas e que alguns dos seus dirigentes tinham o objectivo de voltar à guerra.

Kundi Paihama afirmou na altura, ao seu melhor e habitual estilo, que os antigos militares do MPLA, "se têm armas", não é para "fazer mal a ninguém" mas sim "para ir à caça".

Alguém sabe se esses antigos militares caçadores já devolveram as armas? Não. Ninguém sabe até porque essas armas ao estarem na posse de gente do regime estão, obviamente, em boas mãos.

Quanto aos antigos militares da UNITA, o governante disse que a conversa era outra, e lembrou que mais cedo ou mais tarde vai ser preciso falar sobre este assunto.

Importa por isso perguntar: Então malta da UNITA? O que é que é isso? Têm para aí um arsenal de metralhadoras debaixo da cama para quê? Não é para caçar, com certeza. E julgavam vocês que os Kundi Paihamas do regime não descobriam? Francamente...

Na entrevista à LAC, citada pelo site Angonotícias, Kundi Paihama disse textualmente: "Ainda hoje se está a descobrir esconderijos de armas".

Disse e é verdade. Todos sabemos que o meu amigo Alcides Sakala, por exemplo, tem na sua secretária 925 Kalashnikov, para além de 423 mísseis Stinguer.

E o meu amigo Lukamba Gato? Da última vez que estive com ele trazia na mala aí uns 14 órgãos Staline (a mim pareceu-me serem mais uns katyushas), para além de me ter mostrado no porta bagagens do carro, oito tanques Merkava de fabrico israelita.

"Eu tenho muitos dados na qualidade de Ministro da Defesa (...) mas não posso revelar publicamente", indiciou o ministro da Defesa, que disse ainda acreditar que há dirigentes da UNITA interessados num regresso à guerra. Recordam-se?

O ministro da Defesa não pode, disse, revelar o que sabe. No entanto, o Alto Hama está em condições de revelar o que Kundi Paihama sabe. Para além dos casos referidos (Sakala e Gato), Isaías Samakuva nunca sai à rua sem levar no bolso três tanques ucranianos, modelo T-84.

Adalberto da Costa Júnior esconde no seu fato, de puro corte inglês, pelo menos sete mísseis norte-americanos Avenger.

O melhor é ficar por aqui. É que Kundi Paihama também sabe que eu tenho um tanque alemão Leopard 2 na minha cozinha, disfarçado de máquina de lavar louça...

Tal como mandam os manuais, o MPLA começa a subir o dramatismo para, paralelamente às enxurradas de propaganda, prevenir os angolanos de que ou ganha ou será o fim do mundo. Além disso, nos areópagos internacionais vai deixando a mensagem de que ainda existem por todo o país bandos armados que precisam de ser neutralizados e outros que estão ansiosos por voltar aos tiros.

Aliás, como também dizem os manuais marxistas, se for preciso o MPLA até sabe como armar uns tantos dos seus “paihamas” para criar a confusão mais útil.

E, como também todos sabemos, em caso de dúvida a UNITA será culpada até prova em contrário.

Por alguma razão o regime reactivou as Brigadas Populares de Vigilância nos bairros de Luanda e nas capitais provinciais, estando tudo pronto para, inclusive, distribuir armamento ligeiro aos seus efectivos para defesa da população civil.

Por alguma razão Bento Bento acusa a UNITA de liderar, em aliança com alguns partidos da oposição, nomeadamente o Bloco Democrático e alguns Partidos da Oposição Civil (POC's),  um plano para "derrubar o MPLA e o seu líder, José Eduardo dos Santos".

Segundo Bento Bento, o plano tem em vista unicamente "sabotar a realização das próximas eleições em Angola". "Infelizmente entre os executores dessa conjura consta um deputado, que de manhã à noite instiga a sublevação contra as instituições, contra as autoridades e contra o MPLA, o senhor Makuta Nkondo", acusou ainda o político.

Nesse sentido, Bento Bento pediu aos militantes do seu partido para que controlem "milimetricamente" todas as acções da oposição, em especial da UNITA, para não serem "surpreendidos".

Sempre que no horizonte se vislumbra, mesmo que seja uma hipótese remota, a possibilidade de alguma mudança,  o regime dá logo sinais preocupantes quanto ao medo de perder as eleições e de ver a UNITA a governar o país.

Para além do domínio quase total dos meios mediáticos, tanto nacionais como estrangeiros, o MPLA aposta forte numa estratégia que tem dado bons resultados. Isto é, no clima de terror e de intimidação.

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