quinta-feira, junho 28, 2012

Zorrinho, Zorrinho, essa não se faz!


O líder da bancada do PS veio agora mostrar que o seu partido continua a confundir a estrada da Beira com a beira da estrada.

Carlos Zorrinho, na linha de Francisco Assis e Sérgio Sousa Pinto, veio hoje defender que o deputado socialista Ricardo Rodrigues demonstrou “sentido de responsabilidade” ao demitir-se da direcção do grupo parlamentar, depois de ter sido condenado num processo em que roubou os gravadores aos jornalistas da revista Sábado.

Para mim,  Carlos Zorrinho deveria defender que Ricardo Rodrigues merecia uma medalha pelos bons serviços prestados ao partido e não, num manifesto acto de hipocrisia política, renunciar também às suas funções de representação da Assembleia da República no Conselho Geral do Centro de Estudos Judiciários (CEJ) e ao lugar de suplente no Conselho Superior de Informações.

“Estamos perante uma posição do deputado [Ricardo Rodrigues] que fez aquilo que se impunha e que nós registamos como mais uma demonstração de grande sentido de responsabilidade”, declarou o presidente do grupo parlamentar do PS.

Ora, ora! Agora que Ricardo Rodrigues precisava que o PS se unisse para o ajudar a chegar mais longe, eventualmente a presidente da ERC, vem Zorrinho elogiar a sua atitude. Francamente.

Carlos Zorrinho esqueceu-se que Ricardo Rodrigues apenas deu mais uma demonstração inequívoca de que em Portugal não há falta de liberdade... nem que seja para afanar os gravadores dos jornalistas?

Carlos Zorrinho não se recorda que Ricardo Rodrigues explicou na altura que “tomou posse”, de forma “irreflectida”, dos dois gravadores porque foi exercida sobre ele uma “violência psicológica insuportável”?

Carlos Zorrinho esqueceu-se que, na própria Assembleia da República, Ricardo Rodrigues,  acompanhado pelo então líder parlamentar e posterior candidato à liderança do partido, Francisco Assis, e por um outro membro da direcção do grupo, Sérgio Sousa Pinto, justificou a sua “tomada de posse” (não como deputado mas como tomador de posse de gravadores alheios) pelo “tom inaceitavelmente persecutório” das perguntas e pelos “temas e factos suscitados, falsos e mesmo injuriosos”?

“Porque a pressão exercida sobre mim constituiu uma violência psicológica insuportável, porque não vislumbrei outra alternativa para preservar o meu bom nome, exerci acção directa e, irreflectidamente, tomei posse de dois equipamentos de gravação digital, os quais hoje são documentos apensos à providência cautelar”, justificou na altura Ricardo Rodrigues, certamente convicto que este ou qualquer outro Zorrinho estaria sempre solidário consigo.

Carlos Zorrinho deveria, aliás, reafirmar que é graças também a esta original forma de “tomar posse” do que é dos outros, que Portugal, é um exemplo em matéria de liberdade de imprensa.

Sem comentários: