sexta-feira, agosto 24, 2012

A arte simiesca do Jornal do MPLA


O jornal do MPLA, também conhecido por Jornal de Angola, assume todos os dias (é o único diário do reino) o seu papel de órgão oficial do regime e hoje não foi excepção.

O alvo foi a Embaixada dos EUA que há dias emitiu  um comunicado sem antes, como é lei do regime angolano, o ter levado à aprovação do MPLA. Nele o embaixador norte-americano exortava Comissão Nacional Eleitoral (CNE) a "credenciar imediatamente" os observadores eleitorais, designadamente os das organizações da sociedade civil angolana, chamando também a atenção para os atrasos no credenciamento de "outros observadores internacionais", nomeadamente elementos do corpo diplomático acreditado na capital angolana.

No editorial de hoje, sob o título "Coligações negativas", o Jornal do MPLA escreve que a campanha eleitoral para as eleições gerais do próximo dia 31 "entrou numa fase decisiva e inopinadamente entraram em cena actores que pertencem a outros espectáculos, com menos luzes da ribalta e sobretudo sem o ridículo próprio das comédias sem graça".

O Jornal do MPLA mostra aos EUA com quantos paus se faz uma canoa e delicia os seus militantes com uma prosa de alto valor literário. São, aliás, muitos anos de cultura simiesca que só poderiam resultar em obras de fino recorte artístico.

Depois de classificar o comunicado distribuído pela Embaixada dos EUA como "impróprio de uma representação diplomática, no qual são feitas afirmações desprimorosas para a dignidade da CNE", o jornal do MPLA acrescenta que a Embaixada norte-americana "arroga-se o direito de dar ordens a uma instituição angolana independente".

Dar ordens! Mas que atrevimento é esse? Quem são os EUA para dar palpites sobre a mais nobre e impoluta democracia do mundo, sobre um organismo (CNE) que é paradigma da transparência, legalidade e honorabilidade?

"O embaixador dos EUA ordena à CNE: "cumpra cabalmente as suas responsabilidades para com o povo angolano, credenciando imediatamente os observadores eleitorais", lê-se no editorial do jornal do MPLA.

"Alguém tem que explicar ao senhor embaixador (Christopher McMullen) que por muita vontade que tenha em interferir nas eleições num país soberano como Angola, tem que salvar as aparências", acrescenta o texto que, mais uma vez, demonstra que quem manda no reino, desde 1975 e durante mais 30 ano (pelo menos) é o MPLA.

No comunicado de quarta-feira, a Embaixada dos EUA, que claramente ainda não percebeu que o MPLA é Angola e Angola é o MPLA,  afirma respeitar o "compromisso da CNE" em realizar "eleições livres, justas e transparentes".

"O povo de Angola não merece menos do que isto. Por isso, exortamos a CNE que cumpra cabalmente as suas responsabilidades para com o povo angolano, credenciando imediatamente os observadores eleitorais, especialmente os das organizações da sociedade civil angolana, para que eles possam acompanhar o processo eleitoral", lê-se no documento.

Seja como for e de acordo com as leis do regime, até prova em contrário todos são culpados. E assim sendo, os EUA não devem imiscuir-se num país soberano e que, ao contrário do que se passa nas terras do tio Sam, até tem um presidente não eleito há 33 anos no poder.

1 comentário:

Anónimo disse...

Dizem que o Obama

está em risco de perder as eleições

porque há uns fulanos,

conselheiros eleitorais Republicanos,

que vêm cá

aprender a fazer as manipulações

com o MPLA,

para vencerem eternamente as eleições.

Eles, para essa campanha,

devem deslocar-se directamente a Espanha,

onde o MPLA compra os resultados

para serem em Angola anunciados,

pelas televisões, rádios e jornais,

como justos, honestos, transparentes e imparciais.

António Kaquarta