sábado, agosto 04, 2012

Sem Gomes Júnior a Guiné-Bissau acaba?




O Comité África da Internacional Socialista exige o rápido regresso à normalidade constitucional na Guiné-Bissau.

Segundos os socialistas, normalidade só tem um sinónimo: recolocação de Carlos Gomes Júnior como primeiro-ministro e de Raimundo Pereira como Presidente interino.

Como se fossem (e julgam ser) donos da verdade única, dizem agora que a aposta é na tese (obviamente académica) da “tolerância zero às aventuras golpistas” em África. Fica, assim, a saber-se que a solução miraculosa para os graves, mas também muito antigos, problemas da Guiné-Bissau tem um nome: Carlos Gomes Júnior.

Os socialistas mantém intacta a esperança de que os guineenses acabem por morrer de fome por manifesta incapacidade de aprenderem a viver... sem comer.

Aliás, todos os males de que padece a Guiné-Bissau nasceram apenas com o golpe de 12 de Abril. Antes, segundo a Internacional Socialista,  tudo estava bem e na santa paz de Deus.

Para os socialistas, as Forças Armadas eram das melhores, os políticos eram dos mais nobres, o Ministério Público era um organismo impoluto, não havia narcotráfico, nem pesca clandestina e todo os guineenses viviam muito bem.

Terá sido por tudo estar tão bem que, em Junho de 2010, o secretário Internacional do PS português, José Lello dizia: “É por isso que peço à Internacional Socialista que esteja atenta ao desenrolar dos acontecimentos e para intervir caso seja necessário”?

Será que antes de 12 de Abril, no tempo em que Carlos Gomes Júnior comanda a política na Guiné-Bissau, não havia golpes sucessivos, assassinatos de altas figuras do país, narcotráfico, violação dos direitos humanos?

Terá sido por acaso que nesse ano, 2010, José Lello requereu a aprovação de uma “declaração de apoio” à Guiné-Bissau, “apelando ao regresso pleno à normalidade democrática” e para que o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o Presidente Malam Bacai Sanhá “possam exercer sem quaisquer constrangimentos os seus poderes constitucionais, bem como à libertação das personalidades do Estado que foram presas”?

“Devemos também apoiar a continuação do combate determinado ao narcotráfico, a reforma urgente do sector da defesa e da segurança e a continuação do apoio e do enquadramento da comunidade internacional à Guiné-Bissau”, disse José Lello. E disse-o, repita-se, antes de 12 Abril. Dois anos antes.

E, já agora, será que a comunidade internacional (ONU, CPLP e similares) não se lembra de em 2009 ter havido uma suposta tentativa de golpe que foi uma manobra de diversão para afastar os holofotes da apreensão de dois aviões estrangeiros atulhados de cocaína?

Será que a comunidade internacional (ONU, CPLP e similares) não sabia da ira de Nino Vieira quando soube que havia cães e polícias estrangeiros em Bissau a ajudar na luta contra o narcotráfico, tendo então comentado "Alá bô tissi catchuris ku brancus" (qualquer coisa como "já trouxeram cães e brancos")?

“Na verdade Nino é um estratega da vitimização e mesmo sabendo dos riscos de uma encenação (im)perfeita, concretamente em relação a perdas de vida, importa para ele recolher a solidariedade de ingénuos, mas poderosos amigos, que aliás, prontamente manifestaram total solidariedade, como que, se algo tivesse sido apurado com argumentação credível para se definir a situação como uma tentativa de golpe de Estado”, afirmou e reafirmou na altura, com a sua peculiar incisão, Fernando Casimiro (Didinho).

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